O ÚNICO homem.

Deitada na cama, encostada nele, cabeça no ombro, mão fazendo carinho no pescoço vendo tevê, ele me pergunta : Hoje você não tem motivos pra chora, tem ?! Minha resposta imediata e tola foi : Não. Passaram algumas horas ele se foi, fiquei no mesmo quarto vazio, na mesma casa vazia e com o mesmo vazio dentro de mim. Pesando, analisando melhor a pergunta que ele me fez, percebi que estava mentindo pra mim mesma ao responder “não”. Sim, tenho motivos pra chorar. Sinto aquela saudade amarga de alguém que se foi, sinto aquele arrependimento de não ter falado um “eu te amo”, sinto aquele aperto em véspera de datas comemorativas principalmente aquele dia que é dia de alguém em Agosto, sinto aquele vazio que jamais vai poder ser preenchido, sinto falta daquela voz, daquele sorriso, daquele cheiro, daquelas piadinhas, daquelas comidas gordurosas e ate das sopas, sinto falta dos telefonemas aos domingos, sinto até falta das cervejas divididas em um bar qlqé, sinto falta dele e de tudo que se relaciona e ele. Tudo isso sinto por UM HOMEM só, o único homem da minha vida até então, aquele que não está mais aqui fisicamente, mais sei que espiritualmente ele sempre estará cuidando de mim. Aquele que não posso mais abraça, beijar, tocar, aquele que só me deixou as lembranças de um passado fascinante, aquele que “colaborou” para que eu pudesse vir a esse mundo e ser oqe sou e ter oque tenho. Aquele homem já grisalho, com aquela barriguinha de chopp, com seus 76 anos, 5 filhos, muito de bem com a vida, despreocupado, sossegado com tudo. Foi esse homem que durante 15 anos da minha vida chemei de VÉI CHICO e que pra toda eternidade chamarei de PAI. É esse homem o único merecedor das minhas lágrimas.